segunda-feira, 20 de junho de 2016

Horta comunitária em São Paulo produz legumes e hortaliças. Agricultura urbana é vista por especialistas como atividade promotora de saúde.
Na maior cidade do país tem tanto concreto, carro, prédio, que não sobra muito espaço para o verde, a natureza, a produção de alimento.

Mas quem disse que precisa de muito espaço? São Paulo está cheia de boas iniciativas de agricultura urbana. Vale usar o terraço de casa, o fundo do quintal, a varanda do apartamento e por que não uma praça?

Foi o que fez a jornalista Cláudia Visoni. Ela e um pequeno grupo de amigos criaram a primeira horta comunitária num espaço público de São Paulo. A Horta das Corujas fica na Zona Oeste da capital e acaba de completar três anos.

"A gente planta no estilo agroecológico. Tem gente que acha estranho estar tudo misturado, mas tem um objetivo: as plantas misturadas elas se protegem, elas se complementam e isso evita proliferação de praga", explica Visoni.

Nos 800 metros quadrados da horta, a gente logo reconhece a couve, a salsinha, a beterraba, mas o forte são as chamadas hortaliças não-convencionais, como azedinha, peixinho, bertalha, almeirão roxo e capuchinha.

O uso de venenos e adubos sintéticos é proibido. Os voluntários fazem um composto à base de folhas e esterco de cavalo para alimentar as plantas.

A horta conta com cerca de 15 voluntários mais comprometidos, que cumprem uma escala de rega e adotam canteiros, mas centenas de outras pessoas já passaram pela horta.

Cláudia Visoni explica que, por se tratar de um espaço público, as regras são mínimas. “Esse é um espaço de liberdade. A cerca só existe para os cachorros não entrarem, a praça é aberta, 24 horas por dia, sete dias por semana. Quem quiser entrar, visitar, colher, plantar é bem-vindo. A gente só pede: por favor não roubem mudas! Porque tem gente que não entende esse conceito do coletivo e do comunitário e vem na horta pra roubar muda...”, declara.

Antes de existir como horta, o espaço era um morro gramado. Hoje, além de todas as verduras, os legumes e as ervas, o pessoal conta também com uma nascente que dá conta de abastecer o cultivo mesmo nos meses mais secos do ano.

“A gente tem aumentado a quantidade de água só por manter esse lugar protegido, com a vegetação e sem as pessoas pisotearem”, explica.

Além do trabalho na horta comunitária, Cláudia Visoni mantém um grupo nas redes sociais chamado Hortelões Urbanos, que reúne mais de 20 mil pessoas em todo o país para trocar experiências sobre o plantio doméstico de alimentos.

E claro, ela cuida da própria horta no fundo de casa. “Eu produzo, talvez, nem 10% daquilo que a gente come, mas praticamente em toda a refeição a gente come alguma coisa que veio aqui de casa. Foi a partir da visão de que a agricultura urbana é importante, do ponto de vista ambiental, que eu comecei. Mas aí eu descobri todo um universo de benefícios, que vão muito além desses. Vai desde a gente conhecer outras pessoas e passar a se relacionar por meio de uma coisa muito legal, que são as plantas, até a ter uma alimentação mais fresca, mais saudável, mais diversificada, mais barata... E isso é maravilhoso”, comenta.

Uma pesquisa da faculdade de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo, comprovou o que a Cláudia e todos do seu grupo já sabiam: "Nós chegamos a conclusão que a agricultura urbana agroecológica ela é sim uma atividade promotora de saúde. Nós temos relato de pessoas que viviam com muita ansiedade, crianças muito agitadas, casos de depressão, fobias, pessoas que não conseguiam falar em público, começaram a participar das rodas de conversa, e colocar seus próprios problemas, porque o espaço da horta também é um espaço de socialização", Silvana Ribeiro, pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública/USP.

Isamu Yokoyama é agrônomo da Fundação Mokiti Okada, o criador da chamada agricultura natural. Há três anos, a fundação criou o programa "Horta em Casa". Quase 60 mil pessoas já fizeram os cursos e as oficinas que ensinam o passo-a-passo do cultivo doméstico.

“Toda a construção da agricultura tecnicamente, nós visamos a vivificar o solo, fazer com que ele ganhe um desenvolvimento normal, através de microrganismos, através de matéria orgânica de origem vegetal. Então, transformando esse solo poroso, profundo, onde pode desenvolver bastante raízes. Esse contato constante com a natureza que a gente vai trabalhando o solo, não é apenas para modificar o solo, mas para modificar o ser humano também”, declara.

Fonte: Globo Rural


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