terça-feira, 21 de junho de 2016


Comum em zonas rurais, o hábito de plantar e colher o próprio alimento tem sido, aos poucos, apropriado também por quem nasceu e cresceu na cidade. Por razões que envolvem a própria saúde, a preocupação com a saúde do planeta e a expectativa de promover o contato entre a natureza e as pessoas, gente intrinsecamente urbana tem buscado alternativas ao consumo de hortaliças e temperos, aplicando e replicando iniciativas de cultivo orgânico em locais onde o concreto predomina.
Formado por profissionais de diferentes áreas, o movimento Raiz Urbana incentiva e dissemina a ideia de horta em ambiente urbano. “Usamos as hortas urbanas como porta de entrada para um tema amplo. Queremos trazer a discussão à tona, mostrar referências e explicar como a mudança no modo de produção e consumo de alimentos pode ajudar economias enfraquecidas”, explica o arquiteto Leonardo Brawl Márquez, um dos fundadores do Raiz Urbana.
Outro objetivo do movimento, segundo Leonardo, é participar de debates e propor discussões que levem à construção de políticas públicas que venham a regulamentar o cultivo ecológico de alimentos em ambientes citadinos. Atualmente, não há, na capital gaúcha, leis que limitem nem permitam, ou mesmo que definam regras para as hortas urbanas.
Além de marcar presença em fóruns e outros tipos de atividades que proporcionem uma discussão sobre o tema, o Raiz Urbana comunica-se com grupos de outros estados e do exterior para trocar informações e conhecer exemplos que sirvam de inspiração para o Brasil. Se na página do movimento no Facebook exemplos de hortas urbanas e hortas comunitárias ao redor do mundo são recorrentes, oficinas e workshops oferecidos também promovem iniciativas individuais.
Ensinamentos simples, mas valiosos, que passam por coisas como não matar seumanjericão e quais os melhores temperos para plantar em casa são exemplos do que tem sido disseminado pelo grupo. “Não achamos que as pessoas vão ser autossuficientes. A gente incentiva que elas façam o melhor com pouco e complementem isso com uma consciência alimentar maior, de comprar direto do produtor e evitar os atravessadores”, explica.
Professor do departamento de botânica da UFRGS e um dos coordenadores da ONG InGá, que promove a sustentabilidade estimulando modos de vida saudáveis, Paulo Brack também vê valor social na horta urbana, para além da produção de alimentos orgânicos.
O pesquisador se dedica ao estudo de plantas alimentícias não-convencionais (pancs)e considera as hortas urbanas como um ferramenta de reaproximação do homem com a natureza. “(As hortas) são uma coisa que reconectam culturas. Além disso, elas proporcionam às pessoas fazerem um trabalho conjunto, de troca de saberes”, analisa.
No casarão que abriga a InGá, no centro de Porto Alegre, uma pequena horta orgânica com pancs como dente-de-leão, serralha e bertalha, comuns na flora gaúcha, mas ainda pouco vistas na mesa, serve de “laboratório de testes”. Parte do que é plantado ali se transforma em receitas para identificar a melhor forma de consumir as Pancs (veja receitas de pancs clicando aqui e aqui).
O botânico que, em mais de 10 anos de pesquisas, catalogou 201 espécies de plantas alimentícias não convencionais explica, ainda, que qualquer pessoa pode ter acesso a estas espécies em casa sem muito esforço. Muitos desses vegetais, com potencial para o consumo ainda pouco explorado, brotam naturalmente em canteiros e pátios de casas: “sabemos que há pelo menos 500 espécies no Rio Grande do Sul que são comestíveis, e muitas delas estão disponíveis o ano inteiro. O consumidor não está acostumado, mas existe um potencial muito grande nessas plantas que crescem em quintais e canteiros.”
Para a estudante independente de permacultura Milena Vilma Ventre, 20 anos, o pátio de casa é lugar de alimento desde muito cedo. Ex-estudante de Gestão Ambiental, curso que abandonou para se dedicar ao estudo da permacultura, ela foi criada em meio a um exemplo inspirador: sua avó mantinha uma horta orgânica, cuidada com esmero, nos fundos de casa.
De alguns anos para cá, o cultivo de alimentos virou, também, parte de sua rotina. Na casa onde vive com os pais, os irmãos, cachorros e galinhas, Milena planta hortaliças, frutas, ervas e temperos, além de produzir mudas para doação. Em 2015, a paixão de infância começou a tomar contornos de atividade profissional. Milena começou a dar palestras em escolas e realizar oficinas sobre o tema em cafés e eventos de Porto Alegre. “Não acho justa, boa e limpa essa produção atual de alimentos. E a melhor maneira de questioná-la e fazer os demais a questionarem é plantando. O dia pode ter mais cores, sabores, aromas e sensações”, defende. Por que não tentar?
Para encontrar quem trabalha com insumos para uma horta orgânica, use este guia. Ele também mapeia produtores, feiras orgânicas, lojas físicas, deliveries e restaurantes que priorizam ingredientes orgânicos, caso você, ainda, não consegue plantar tudo o que consome.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Horta comunitária em São Paulo produz legumes e hortaliças. Agricultura urbana é vista por especialistas como atividade promotora de saúde.
Na maior cidade do país tem tanto concreto, carro, prédio, que não sobra muito espaço para o verde, a natureza, a produção de alimento.

Mas quem disse que precisa de muito espaço? São Paulo está cheia de boas iniciativas de agricultura urbana. Vale usar o terraço de casa, o fundo do quintal, a varanda do apartamento e por que não uma praça?

Foi o que fez a jornalista Cláudia Visoni. Ela e um pequeno grupo de amigos criaram a primeira horta comunitária num espaço público de São Paulo. A Horta das Corujas fica na Zona Oeste da capital e acaba de completar três anos.

"A gente planta no estilo agroecológico. Tem gente que acha estranho estar tudo misturado, mas tem um objetivo: as plantas misturadas elas se protegem, elas se complementam e isso evita proliferação de praga", explica Visoni.

Nos 800 metros quadrados da horta, a gente logo reconhece a couve, a salsinha, a beterraba, mas o forte são as chamadas hortaliças não-convencionais, como azedinha, peixinho, bertalha, almeirão roxo e capuchinha.

O uso de venenos e adubos sintéticos é proibido. Os voluntários fazem um composto à base de folhas e esterco de cavalo para alimentar as plantas.

A horta conta com cerca de 15 voluntários mais comprometidos, que cumprem uma escala de rega e adotam canteiros, mas centenas de outras pessoas já passaram pela horta.

Cláudia Visoni explica que, por se tratar de um espaço público, as regras são mínimas. “Esse é um espaço de liberdade. A cerca só existe para os cachorros não entrarem, a praça é aberta, 24 horas por dia, sete dias por semana. Quem quiser entrar, visitar, colher, plantar é bem-vindo. A gente só pede: por favor não roubem mudas! Porque tem gente que não entende esse conceito do coletivo e do comunitário e vem na horta pra roubar muda...”, declara.

Antes de existir como horta, o espaço era um morro gramado. Hoje, além de todas as verduras, os legumes e as ervas, o pessoal conta também com uma nascente que dá conta de abastecer o cultivo mesmo nos meses mais secos do ano.

“A gente tem aumentado a quantidade de água só por manter esse lugar protegido, com a vegetação e sem as pessoas pisotearem”, explica.

Além do trabalho na horta comunitária, Cláudia Visoni mantém um grupo nas redes sociais chamado Hortelões Urbanos, que reúne mais de 20 mil pessoas em todo o país para trocar experiências sobre o plantio doméstico de alimentos.

E claro, ela cuida da própria horta no fundo de casa. “Eu produzo, talvez, nem 10% daquilo que a gente come, mas praticamente em toda a refeição a gente come alguma coisa que veio aqui de casa. Foi a partir da visão de que a agricultura urbana é importante, do ponto de vista ambiental, que eu comecei. Mas aí eu descobri todo um universo de benefícios, que vão muito além desses. Vai desde a gente conhecer outras pessoas e passar a se relacionar por meio de uma coisa muito legal, que são as plantas, até a ter uma alimentação mais fresca, mais saudável, mais diversificada, mais barata... E isso é maravilhoso”, comenta.

Uma pesquisa da faculdade de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo, comprovou o que a Cláudia e todos do seu grupo já sabiam: "Nós chegamos a conclusão que a agricultura urbana agroecológica ela é sim uma atividade promotora de saúde. Nós temos relato de pessoas que viviam com muita ansiedade, crianças muito agitadas, casos de depressão, fobias, pessoas que não conseguiam falar em público, começaram a participar das rodas de conversa, e colocar seus próprios problemas, porque o espaço da horta também é um espaço de socialização", Silvana Ribeiro, pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública/USP.

Isamu Yokoyama é agrônomo da Fundação Mokiti Okada, o criador da chamada agricultura natural. Há três anos, a fundação criou o programa "Horta em Casa". Quase 60 mil pessoas já fizeram os cursos e as oficinas que ensinam o passo-a-passo do cultivo doméstico.

“Toda a construção da agricultura tecnicamente, nós visamos a vivificar o solo, fazer com que ele ganhe um desenvolvimento normal, através de microrganismos, através de matéria orgânica de origem vegetal. Então, transformando esse solo poroso, profundo, onde pode desenvolver bastante raízes. Esse contato constante com a natureza que a gente vai trabalhando o solo, não é apenas para modificar o solo, mas para modificar o ser humano também”, declara.

Fonte: Globo Rural


terça-feira, 14 de junho de 2016


Uma parceria inédita entre a Embrapa e entidades voltadas para a agricultura urbana poderá resultar na abertura de uma linha de pesquisa no órgão com foco nesse tipo de produção.
O primeiro passo nesse sentido aconteceu no dia 24/05, quando foi realizada na Embrapa Agrobiologia, em Seropédica, no Rio de Janeiro, uma reunião visando à construção de uma agenda comum para pesquisa em agricultura urbana.
Além de representantes da Embrapa, participaram do encontro pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, agricultores vinculados à Rede Carioca de Agricultura Urbana e a equipe técnica do Programa de Agricultura Urbana na AS-PTA.
Durante a reunião, foi realizado um levantamento inicial das principais demandas dos agricultores urbanos sobre manejo de solos, aproveitamento de espaços reduzidos, irrigação (aproveitamento de água de chuva), entre outros temas.
Na opinião da Marta Ricci, pesquisadora que representou a Embrapa na reunião, os benefícios de uma linha de pesquisa como esta são múltiplos. “O cultivo de hortas urbanas traz a melhoria da condição alimentar e nutricional das populações de baixa renda, a geração de renda e trabalho para muitas famílias, e a redução de gastos com a compra de alimentos”. Além disso, acrescentou, “é promotora da economia solidária, praticada por populações carentes e vulneráveis, que se organizam coletivamente em cooperativas de coleta e reciclagem de lixo, em redes de produção, comercialização e consumo etc”. Por último, a engenheira agrônoma lembrou que esses cultivos “auxiliam na manutenção de áreas verdes, no aumento da absorção de águas pluviais e na melhoria do microclima, mitigando o efeito das ´ilhas de calor´ nas grandes cidades”.
A ideia é que se abra uma linha de pesquisa que contribua para o planejamento da produção dos cultivos orgânicos mais adequados à Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
“Além do caráter inovador dessa iniciativa, é importante ressaltar que essa agenda está sendo elaborada de forma participativa, mediante a consulta a agricultores urbanos”, resumiu Marcio Mendonça, coordenador do programa de Agricultura Urbana da AS-PTA.

segunda-feira, 13 de junho de 2016



Frutas e verduras orgânicas plantadas pela própria comunidade! Nesta edição, o Momento Ambiental mostra iniciativas de moradores que criaram hortas comunitárias e beneficiaram toda a vizinhança. Visitamos uma plantação, no Distrito Federal, que já é considerada uma das maiores hortas comunitárias da região e atende várias cidades. Além de gerar produtos fresquinhos e naturais, a horta comunitária também semeia a amizade entre os moradores.

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